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quarta-feira, outubro 13, 2010

Saindo do Armário 2

Ler "Saindo do Armário” para entender esse post direito.

Quatro dias depois eu voltei pra casa. Meus pais não me olhavam na cara. Ninguém falava comigo, exceto meu irmão que não tinha idéia do que estava acontecendo. O clima em casa estava péssimo. Até que dois dias depois, em um dia em que a minha ‘babá’ (a moça que cuidou de mim quando eu era criança) estava em casa, aconteceu A conversa. Eu acordei, desci pra tomar café e a minha mãe estava chorando, eu fui até a minha ‘babá’ e perguntei o que tinha acontecido. Ela me falou que já tinha conversado com a minha mãe e a acalmado um pouco. Meu pai berrava por mim no quarto mais afastado da casa e lá fui eu para a conversa que viria a ser uma das piores da minha vida. A pior aconteceu uns dias depois.

Eles estavam sentados em um sofá e eu no oposto a eles. Eu havia acabado de acordar, estava de pijama, sozinha, enfrentando a ‘corte’ da casa. Eles começaram a falar. Perguntaram se eu era idiota, se eu tinha merda na cabeça se eu realmente queria isso da minha vida. Eu tentei mentir, eu pensei nisso pelo menos, mas eu não consegui. Eu estava tão mal pela coisa da fashionista que eu não sabia como me defender, se eu queria me defender.

No decorrer dessa conversa eu descobri que enquanto eu estava fora eles tinham lido o histórico do meu MSN inteiro. Meu note antigo, o que eu tinha usado durante a viagem tinha virado o note do meu pai, sabe aquela coisa que você não pensa em esconder/deletar porque você acha que ninguém nunca vai mexer? Eu achava isso de muitas coisas até esse dia... Acho que na minha vida inteira eu nunca me senti tão invadida quanto me senti nessa hora. As coisas pioraram ainda mais, meu pai pegou meu celular esse dia. Eu fui receber ele de volta quase 20 dias depois, com uns 50 contatos a menos, todas as mensagens lidas e um número diferente.

Eu tenho memória seletiva então eu não lembro de muita coisa dessa conversa. Assim como eu não lembro da minha infância, minha memória tende a apagar as coisas que de certo modo me traumatizaram. E eu esqueci grande parte da conversa então imagino que não tenha sido nada boa. O que eu lembro claramente foi o quanto eles atacaram minha viagem. O quanto a minha mãe na hora começou a atacar a Ariel (minha amiga sapa do intercâmbio) e falou que ela tinha feito lavagem cerebral em mim, “eu achava que você era inteligente R. mas eu estou vendo que não! Como você pode deixar uma menina assim virar a sua cabeça?! Você sempre gostou de meninos R. sempre!”. Eu não conseguia responder, eu só chorava. Eu não agüentava o olhar na cara deles. Um olhar de profunda decepção. Um olhar de asco até.

Acho que poucas vezes na vida eu me senti tão magoada quanto naquele dia. E o dia em que eu mais queria um abraço dos meus pais foi o dia que eu descobri que eu não os teria mais. Eu digo que esse foi o dia do inicio da minha crise de depressão. O dia em que eu comecei a pensar “se nem as pessoas que deveriam gostar de mim por obrigação gostam de mim, quem vai gostar?”. No pacote de tudo que meus pais leram estavam muitas histórias daquelas que pais não devem saber... Eu fui proibida de sair, eu fui proibida de falar com muita gente. Eu passei as minhas férias de julho basicamente em casa. Eu estava autorizada a sair, mas somente a tarde e somente com pessoas que eles conheciam.

To be continued...


E no final das contas acabou sendo a continuação. Desculpa gente, mas eu ando realmente sem saco pra qualquer coisa ultimamente, incluindo escrever. Até depois.
E é exatamente assim que eu tenho me sentido...

Um comentário:

  1. Minha linda....
    Eu sei que isso faz tempo e talz que aconteceu com você, mas pais sao realmente complicados não é?

    Eu gostaria de te dar um abraço quando terminei de ler...
    Sempre que você precisar de um, passa la no meu blog viu? o T&T.


    Ah, eu nunca sai do armario, mas algumas amigas minhas simplesmente não entendem. Acho que vai levar muito tempo até as pessoas entenderem que diferenças são coisas boas...

    Beijos e boa sorte!

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