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sábado, setembro 18, 2010

Sobre o meu maior medo

Eu não sei bem como começar esse post, eu não sei bem como falar sobre o que eu pretendo falar e pra ser honesta eu não sei se eu realmente quero falar sobre o que eu vou falar...

Ontem eu fiz de novo um programa atípico, de novo eu quebrei a rotina e me diverti. Antes de começar a falar de ontem eu preciso contar uma coisa, eu não tenho mais uma relação com os meus pais, talvez eu nunca tenha tido, é uma coisa complicada (é o que eu passo grande parte da minha consulta discutindo/tentando superar). Enfim, eu não falo com eles, minha terapeuta fala com eles por mim..nós vinhamos a algumas consultas discutindo o fato deu voltar a tomar algum remédio e eu falei que meus pais não iam gostar da idéia (e não gostaram) então falei para ela falar com eles. 

Eles tiveram uma consulta com ela sexta a noite, minha mãe chegou em casa com cara de choro e completamente pra baixo e meu pai chegou em casa falando que eu podia sair se quisesse. A cara de choro da minha mãe vem do meu pai sempre colocar a culpa de tudo em ela. Ele diz que meus problemas de sono são por causa dela que não dorme, que minha falta de concentração são culpa dela que sempre quer fazer várias coisas ao mesmo tempo e fica me distraindo. E a minha mãe é como eu, talvez nós não aceitemos a culpa mas nós ficaremos remoendo o que foi falado por muito tempo...Já meu pai tomou um esporro da minha psicóloga por ficar me cobrando tanto e tentando me tirar meus únicos prazeres que hoje em dia são poder sair e ter um computador...

Voltando a ontem.. eu saí, fui pra casa de um amigo, cheguei em casa as 3h30 mas completamente sem sono. Vim para o pc assistir Fringe para tentar ficar cansada, eu mal tinha ligado o pc e meu pai abre a porta do meu quarto com tudo e começa a fazer um escandalo, falando que era ridículo eu tar sem sono aquela hora, que eu tinha acordado cedo, que eu tinha tomado alguma merda e falou mais um monte de abrobrinha. A questão é que: 8 adolescentes, muita pizza e coca-cola me deixam completamente sem sono, mas ele não me deixou nem tentar falar isso, pegou meu computador e foi dormir.

Eu que estou um caco começei a chorar quando o shuffle do meu Ipod me fez ouvir I'm Just a Kid - Simple Plan, me tranquei no meu armário sentei e chorei por mais de meia hora. Resolvi que não ia conseguir dormir enquanto estivesse em qualquer lugar perto dele e saí do meu quarto, fui pro lugar mais longe possível dele e aí voltei a chorar. Consegui dormir lá pelas 6h, acordei de novo as 8h, chorei mais e dormi de novo até levantar as 11h. Aí hoje tomei um bolo de uma pessoa que eu me importo e voltei a chorar (eu estou chorando). 

Enfim, eu não chorei e eu não choro porque eu estou triste. Eu choro porque eu tenho medo. Eu choro porque eu tenho uma cicatriz que talvez ainda seja uma ferida aberta. Eu choro porque eu desde pequena eu não tive um lugar nessa família que não um canto, eu nunca pude ser eu (tirando antes dos 4 anos) e quando eu fui eu me machucaram mais do que eu jamais achei que alguém fosse machucar. Eu tenho uma teoria de que aqui, no computador, é onde eu criei meu mundo, um mundo onde eu não estou tão sozinha e me tirar isso foi como se tivessem me chutando de volta pro fundo do poço escuro e tudo fosse voltar e eu não quero que tudo volte, eu não aguento que tudo volte.

Talvez seja errado ter a minha base numa coisa tão material como um computador, mas foi o jeito que eu descobri. São os amigos que tenho aqui que me salvaram outras vezes. Não são os virtuais, mas muitos dos quais eu conheço na vida real. Hoje em dia acho que eu não consigo mais desabafar frente a frente com alguém, já pelo msn isso é uma coisa que acontece facilmente. Que eu tenho um problema de relacionamento e de confiança eu sei e ele só piora, porque cada vez que eu deixo uma pessoa nova entrar na minha vida e ocupar um lugar importante essa pessoa simplesmente some, eu não digo que o problema é me decepcionar porque com decepções se lida, com sumiços não se tem o que fazer a não ser esperar que um dia a pessoa volte ou que o lugar que ela ocupou seja ocupado por outra coisa. Outra coisa que acredito é que as relações entre as pessoas (da nossa geração) estejam diminuindo em parte por causa dessa 'diminuição do espaço físico', as pessoas hoje em dia fazem um desabafo por telefone, por msn, por e-mail, em um blog.. mas dificilmente cara a cara. Essa é a impressão que eu tenho pelo menos. É a famosa história de que a internet ao mesmo tempo que aproxima as pessoas que estão longe afasta as que estão próximas.

É difícil escrever sobre isso aqui, acho que meu maior medo hoje em dia é esse, é a solidão. Eu tenho medo de expor esses medos, eu tenho a impressão de que em alguns momentos eu também passei a usar a minha máscara aqui, a máscara de que eu sou uma pessoa que é forte, que é feliz, que não tem nenhum problema, mas só pra constar não acreditem, eu não estou bem, nada bem. E meus pais ainda dizem que eu to super bem e que não tem nada de errado comigo, ou eu sou uma ótima atriz e não sabia disso ou eles são as pessoas mais cegas do mundo.
Fui

ps: eu vou mudar o layout, só não decidi como.
ps2: porque enquanto fiz essa mudança bem tabajara mesmo...

4 comentários:

  1. Eu tenho uma teoria de que aqui, no computador, é onde eu criei meu mundo, um mundo onde eu não estou tão sozinha e me tirar isso foi como se tivessem me chutando de volta pro fundo do poço escuro e tudo fosse voltar e eu não quero que tudo volte, eu não aguento que tudo volte.

    VIVO ASSIM TAMBÉM E SEI O QUANTO É DIFÍCIL...
    e eu não posso estar com vc, já que a net aproxima quem está longe, mas ainda não tem o milagre do teletransporte! :~
    como eu disse no msn agora, me sinto impotente, mas sei la... gosto tanto de vc e fico feliz em tentar ajudar... da maneira que posso é claro!

    então... bota pra fora tudo que te amargura... vai lavar sua alma e sinta-se abraçada e com um belo cafuné! :~

    MELHORAS AMIGA! :***

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  2. Bom, essas coisas de família são sempre complicadas... só acho que você não pode se deixar abater pelas coisas assim, pois qdo a gt tá mal, parece q tudo acontece pra piorar a situação.
    Se me permite, deixo meu conselho: não importa que seu pai culpe sua mãe por tudo (se ele a culpa, é pq ele se sente culpado por algo e precisa jogar a culpa em alguem).
    Outra coisa, sei que remédio é algo que é mal visto por algumas pessoas, mas não tem nada a ver! Tipo, minha mãe precisa tomar remédios muito fortes, por alguns problemas, mas isso já deixou de afetar a mim e a ela. Eu já tomei remédios por um tempo, mas quando comecei, não queria (por puro preconceito). Remédios podem nos ajudar, e às vezes, sua psicóloga só quer ver se você se reergue emocionalmente e já pee pra você parar com eles.
    E mais: VIVA! Às vezes (nem sempre, viu!) é bom fazer umas loucuras. A vida é feita de momentos, vamos curtí-los o/
    seja pelos pequenos prazeres, seja pelos amigos, seja pelas loucuras.

    se precisar de alguém pra conversar, pode contar comigo!
    e obrigada pelo comentário ^^

    bjão

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  3. "pessoas hoje em dia fazem um desabafo por telefone, por msn, por e-mail, em um blog.. mas dificilmente cara a cara"
    muito verdade, mas eu pessoalmente não acho isso saudável.
    humanos tem que ter contato com humanos...

    Rê... seu post me fez chorar e eu quero muito te ver e te dar uma abraço forte e apretato e de puxar pela mão, fazer brigadeiro e tirar sua cabeça do mundo.

    eu me identifico um pouco com o que diz. meu maior medo é a solidão também. a solidão profunda em que nada mais a sua volta pode ser percebido com sentidos. voc~e se sente tão só que nem um abraço te aquece.

    eu não quero que isso aconteça com você!!!!

    eu fiquei com vontade de te proteger e lutar contra seus pais.
    te sequestrar e fazer você morar aqui em casa comigo pra poder sair daquele lugar horrível que vc faz parecer que é seu lar.

    vc tem que saber o que é um lar.

    e pegando o que a tal da l.h.i disse ai em cima: não deixe de viver por que você possui tristezas.
    cada momento feliz vai se acumulando também, assim como os momentos tristes.
    as felicidades sempre estarão a sua volta se você procurar bem.

    beijões e força aí.

    (ps: se precisar fugir de casa venha pra minha. eu falo sério.)

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  4. Sei exatamente o que você passa, essa sensação de não se encaixar na sua própria família, a sensação de ser a "ovelha negra" e não ter relação alguma com pessoas que, supostamente, você deveria amar.. Se eu tivesse a sua idade, trocaria figurinhas com você, mas passados alguns anos dos meus 18 anos, eu posso dizer: aos 18 anos, a gente entra em pânico e acha que vamos continuar sós durante o resto da vida, mas isso NÃO acontece. Pessoas maravilhosas surgem, você amadurece, perde o medo e começa a perceber que você pode SIM viver sem essa "família" e com pessoas que te amem e te aceitem do jeito que você é.
    A vida melhora e a solidão passa, acredite.

    Força!

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