Meu sábado a noite ou...[parte 1]

Eu demorei para aprender, mas acho que eu aprendi. Cada um faz sua própria festa e eu hoje em dia carrego a minha festa nas costas. Sábado eu fui na festa de um amigo, a mesma festa na qual eu, a exatamente um ano atrás deixei parte dos convidados bebados e chapados. Eu, a menina que deixou um dos convidados tão louc a ponto de quase gritar falar alto "maconha é bem melhor que tequila!" na frente dos pais do aniversariamente. É, essa era eu um ano atrás.

E essa sou eu esse ano: a minha festa dessa vez foi feita com música. Cheguei na festa, tirei minha caixa de som da mochila e montei meu cantinho entrando numa vibe completamente diferente da da festa. Eu (pra variar) tava na vibe de balada. Eu ando numa vibe eterna de balada; o som alto, o pop rolando solto (frase tensa), as peculiaridades das roupas alheias, as ficadas sem compromisso, as cantadas, tanto as feitas quanto as recebidas, as conversas, os cigarros, o conhecer gente nova. É, eu simplesmente adoro isso.

Voltando a festa porque o parágrafo anterior foi uma bela de uma brisa... lá fui eu pro bar pegar uma coca, a festa ainda estava relativamente vazia então deu pra dar uma boa olhada  na barwoman no bar. E vamos dizer que apesar de um pouco gordinho o bar tinha uma aparência interessante, além de que meu gaydar apitou pra ele. E a caçadora estava de volta, eu até tento negar, mas eu sei que é isso que eu to virando.

Papo vai, papo vem. R. falando pra barwoman a surpreender com drinks não alcóolicos. Segurando o copo no ar por um pouco mais de tempo do que o necessário, prolongando olhares e o contato das pontas do dedo na transferência dos copos, oferecendo comida clandestinamente. Foi assim que gradativamente ela foi entrando na minha ficando interessada. E as coisas iam muito bem, eu estava super feliz, até que...

Eu vi ela e sua jaqueta de couro marrom. A estilosa, a namorada da fashionista. Alguém que tinham me falado que não ia estar lá. Confesso que morri de medo da fashionista também aparecer. Por mais que eu negue eu ainda não esqueci ela. Primeiro amor não se esquece, pode até ser que se supere, mas esquecido? não sei, ainda não consegui isso. Eu gosto da estilosa, ela é simpática e legal de conversar, porém a idéia do ser dela está completamente ligada a idéia da fashionista. Eu ainda não estou pronta pra ver as duas juntas, eu fujo do meu colégio desde que elas estão juntas pra não precisar ver isso... e bom, ela estar lá me tirou completamente do eixo.

Eu por pouco não perdi o controle na frente de todo mundo. Eu fugi, eu saí da festa, fui pra rua, fui andar. Eu não queria que percebessem como eu estava. O jeito que eu fiquei não foi uma coisa racional, foi o meu lado emocional tomando controle, me fazendo pensar em coisas que eu tento evitar e derrubando minha máscara do "estar bem". Sentei na calçada e segurei o choro o máximo que pude. Eu estava frustrada, muito frustrada, como eu podia me deixar ficar naquele estado por coisas não tão importantes assim? Soquei a grama do meu lado e junto com o soco foram embora as raivas e frustrações.

Quando eu já estava aparentemente bem, voltando a ficar feliz, uma amiga me abraçou e falou que tinha percebido que eu não estava bem. Foi uma coisa instantânea. As palavras mal terminaram de sair da boca dela e as lágrimas começaram a descer dos meus olhos sem que eu conseguisse ter o mínimo controle sobre elas. Peguei gelo no bar (para a mão) deixando a R. e não a caçadora se expor e sai da festa novamente. Meia hora de conversa, meia hora de choro. Querendo ou não essa meia hora me recompos. Quando voltamos para a festa eu tinha voltado a ser eu mesma. Maquiagem retocada, porque sim, eu retoco maquiagem no meio da festa. Sorriso irônico no rosto e controle da situação nas mãos.


to be continued...