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terça-feira, julho 13, 2010

Brisas

(escrito logo após o enterro)

Hoje é o dia seguinte. A página virou. A morte passou, ou a menos a ação da mesma. O fantasma dela continua aqui, continua junto a mim. Fazem pouco mais de 24h que ele morreu. O enterro começou ao meio dia e só foi terminar a uma da tarde. [Hoje choveu pela primeira vez em 40 dias, o motivo disso me faz pensar, algumas vezes eu queria acreditar que o tempo não é só coincidência..]

O enterro foi difícil, o velório que começou ontem a noite, teve uma pausa a meia noite e voltou as seis da manhã terminou atrasado e nisso a chuva caindo torrencialmente, levando junto com ela as nossas lágrimas, o tempo passando e as memórias ficando. Olhar para um 'caixote' de madeira e pensar e entender que nele está indo embora um grande homem é estranho, incomoda.

Eu sei que eu tenho que seguir em frente, que o que passou é passado, mas ainda assim o passado existe, o passado carrega toda as verdades da nossa vida; Ele carrega as nossas experiências e escolhas, escolhas essas que nos fizeram crescer e moldaram quem somos hoje. Sei que por mais que se queira esquecê-lo isso não é possível e que o que deve ser feito é aproveitar o que nos foi ensinado e que devemos guardar essas memórias e experiências da melhor maneira possível.

Eu odeio momentos como os que eu tive hoje. Eu queria chorar, rir, fazer graça, animar os outros respeitosamente é claro tudo ao mesmo tempo. Foi ruim.

As pessoas dizem não saber o que falar nessas horas, dizem que a morte é inexplicável em palavras e tudo que acabam por dizer é um simples "meus pêsames" e aí eu me pego pensando o que diabos eu vou fazer com os seus pêsames? E aí eu chego a conclusão de que nada, não vou fazer absolutamente nada, mas ainda assim agradeço fingindo que me importo, afinal de contas é isso que manda o protocolo não?

E sobre o protocolo, vocês já pararam pra pensar? Já repararam o quão milenar é essa tradição de enterrar os mortos? Vocês repararam que a sociedade teoricamente se modernizou mas que continuamos tratando os mortos da mesma maneira? Será que não está na hora de mudar esse método. Um método antigo, complicado e que na minha opinião é de aprisionamento e não libertação. Não sei, não gosto disso, acho errado, desatualizado.

Digo isso porque grande parte dos túmulos são antigos e por conseqüência estão baseados em tamanhos antigos e querendo ou não a estatura média do homem aumentou. O enterro do meu tio durou 1h por causa disso; o caixão não cabia no túmulo, foram inúmeras tentativas, retiradas de peças do caixão e de terra do túmulo até que ele finalmente coubesse lá. Será que nem na morte as pessoas merecem um pouco de paz?

Vou parando por aqui porque de novo fiz um post enorme e esse está super brisado vide título e desconexo. Antes de finalmente ir embora só queria dizer mais duas coisas; A primeira é que se eu morrer quero ser cremada e não enterrada e a segunda é que eu quero pedir desculpas pelo blog não estar servindo ao propósito pelo qual foi criado e estar sendo mais um grande diário online de desabafo, mas eu prometo tentar mudar isso.
Fui :*
ps: comentem (?)

3 comentários:

  1. Não faz muito tempo um importante amiga da família, como um avô para mim, também foi dessa pruma outra.
    o enterro foi bais estranho q o "normal" pq foi em um cemitério judeu e as rezas foram em hebraico. eu estava lá apoiando minha mãe e meu pai pensando que o próprio morto estaria rindo pra caramba dessa cena.

    concordo que enterrar os mortos é arcaico, mas isso é feito para acalentar os vivos. eles precisam de consolo. falar 'meus pêsames' significa que os vivos estão tentando ajudar uns aos outros para continuar vivendo.
    claro que existem aqueles que falam por falar, mas dá pra perceber aqueles que falam realmente tentando dar apoio.

    nunca é legal ver um querido ser enterrado, ou cremado. o que importa é o que estará lá depois para que os vivos se sintam melhores. cada cultura tem seu método.
    nós estamos em uma cultura que enterra, por que isso, para nós, deveria ter um significado.

    só que esquecemos qual era.

    (olha... eu tentei escrever uma coisa, mas acabei brisando também. se pá é efeito do blogspot. mas espero q tenha entendido >.<)

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  2. (ainda não li o comentário, mas ri com o parenteses xD, acho q é culpa do blogspot mesmo u.u)

    E do que você falou eu concordo. Eu sinto que a pessoa quer dar apoio, eu só não sei se a melhor forma de fazer isso é falando meus pesames. Eu acredito que realmente tivesse um significado, eu só digo que eu esqueci qual é ele e o que ele realmente deveria representar.
    E é, eu também brisei .-.

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  3. Eba! fico feliz em saber que eu não sou a única que não 'entende' (ou não vê muito sentido) em quando as pessoas falam 'meus pêsames'...tudo bem, pode até ser que as pessoas de antigamente entendam isso, mas atualmente muitas pessoas nem sabem o que significa 'pêsames' (e eu admito que sou uma delas...quer dizer, acabei de pegar o dicionário e descobri que significa "condolências, sentimentos"...) anyway, o que eu quero dizer é que muitas pessoas falam sem nem entender...e acaba soando meio falso...eu costumo falar "meus sentimentos"...ah, sei lá...to brisando aqui também...
    só mais uma coisa, eu tenho a mesma impressão que você sobre ser enterrada...ainda mais porque eu sou claustrofóbica e não gosto nem um pouco dessa ideia...e tenho certeza que vão me colocar no caixão e eu ainda vou estar viva e ninguem vai ver...ai...credo...hahah e, ser cremada no meu caso também não adianta porque vão me colocar num caixão do mesmo jeito...e ainda quando eu acordar lá dentro eu vou estar pegando fogo...poooor isso que, por favor, gente, quando eu morrer façam milhares de testes pra ter certeza que eu morri...aliás, me matem novamente! hahah cortem meus pulsos ou sei lá...e até lá eu decido se eu quero ser cremada ou enterrada...
    omg, eu to falando de morte num comentário gigantesco...isso me assusta...vou parar por aqui!
    beijos, B.

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